sábado, 23 de julho de 2011

Pirlimpsiquiceando... Transvivendo...

Eu, na minha inquieta mania de “dizer”, pus-me surpresa ao perceber por quanto tempo guardei/calei as ideias que, hoje, venho apresentar. Logo essas ideias... que soaram estranhamente como aquela voz que diz: eis um dos segredos da vida (ao menos da minha, como disse um querido amigo... “cada um uma vivência”).
Meses atrás, pirlimpsiquiceei... Mergulhei nesse universo roseano e ao emergir (ou ao dar a cambalhota), saltou-me do baú das ideias a importância de se transviver...
Pensei em como as pessoas vão deixando de lado esses “mundos inventados”, em como isso vai sendo posto como algo próprio ao universo infantil (e repudiado pelo universo adulto).
Daí, perguntei-me: quando crescemos? Quando deixamos de pirlimpsiquicear? Por que deixamos?
Visão ingênua ou não, renuncio a este corte infância-fase adulta... é tão necessário, vez por outra, “tirar dum canudo uma pitada do pó mágico... cheirá-lo” (que fique claro o intertexto...rsrs), “deixar o pirlimpimpim agir” ...
Não digo, claro, que devemos sempre ser um Zé Boné... a varar recreios reproduzindo fitas de cinema, mas falo de permitir-se, vez por outra, sem combinação, viver esse não saber o que dizer, dizendo.
Alguém pode perguntar: isso não é fuga?
E eu, em tom de quem realmente não tem as respostas, diria:
Até que ponto, “tornar-se adulto” (não falo do caráter físico), não é fugir da liberdade que a vida te apresenta? Até que ponto esse “ser adulto” não é estreitar o caminho, reduzir as possibilidades?
Para não terminar (porque creio que isso ecoará e não calará na última linha, após o ponto), deixo um dos trechos mais lindos do conto:

Zé Boné pulou para diante, Zé Boné pulo de lado. Mas não era de faroeste, nem em estouvamento de estrepolias, Zé Boné começou a representar!
A vaia parou, total.
Zé Boné representava – de rijo e bem, certo, a fio, atilado – para toda a admiração. Êle desempenhava um importante papel, o qual a gente não sabia qual. Mas, não se podia romper em riso. Em verdade, Êle recitava com muita existência. De repente, se viu: em parte, o que ele representava, era da estória do Gamboa! Ressoaram as muitas palmas.
O pasmatório. Num instante, quente; tomei vergonha; acho que os outros também. Isso não podia, assim! Contracenamos. Começávamos, todos, de uma vez, a representar a nossa inventada estória. Zé Boné também. A coisa que aconteceu no meio da hora. Foi o ímpeto de glória – foi – sem combinação. Ressoaram outras muitas palmas.
A princípio, um disparate – as desatinadas pataratas, nem que jogo de adivinhas. Dr. Perdigão se soprava alto, em bafo, suas réplicas e deixas, destemperadas. Delas, só a pouca parte se aproveitava. O mais eram ligeiras – e solertes seriedades. Palavras de outro ar. Eu mesmo não sabia o que ia dizer, dizendo, e dito – tudo tão bem – sem sair do tom. Sei, de, mais tarde, me dizerem: que tudo tinha e tomava o forte, belo sentido, esse drama do agora, desconhecido, estúrdio, de todos o mais bonito, que  nunca houve, ninguém escreveu, não se podendo representar outra vez, e nunca mais.
Pirlimpsiquice, Guimarães Rosa.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Meninas Pequenas...

Meninas pequenas são assim mesmo...
Elas sempre te lançam um olhar de “não fui eu”, olhar esse, diga-se de passagem, quase sempre convincente.
Meninas pequenas são sempre princesas... assim, lindas e coroadas.
Coroa de flores, passarinhos a cantar.
Ai daquele garotinho que teve a “sorte” de ter uma irmã assim, menina pequena.
Ela, com aqueles olhinhos, mimosos olhinhos, poucas vezes foi a culpada. Bem sabe disso o pobre garotinho...
Meninas pequenas parecem sempre estar a rodopiar com seus vestidos esvoaçantes, mesmo estando estáticas.
Como podem? Deve ser coisa de alma!!
Meninas pequenas também enxergam príncipes... sabia? Sorte daquele que, mesmo imerso em defeitos, ganhe tal posto da realeza. 
E quando Nosso Senhor Jesus falou dos pequeninos, puras e inocentes crianças resguardadas entre nuvens,  penso eu, que não só, mas com zelo especial, ele tinha em mente meninas pequenas.
Assim mesmo... Aura de intocáveis.
E o que dizer mais?
Enfim, meninas pequenas, são meninas pequenas... só há o que admirar!