domingo, 25 de setembro de 2011

Incorreção...



Já posso sentir a incoerência que as taças... algumas taças de vinho me conferem...
Os pensamentos vêm de forma tão solta, quadro surreal...
Ápice do raciocínio ilógico...
Você quer toda a sua correção?
Não, meu amor, não a tenho...
E estou mais reticente que o normal...
Não, você não merece todo esse meu esforço.
Mas por que eu ainda te dedico... tanta coisa?
E o mais engraçado é que, se você nem pedisse, eu te dedicaria até mais...
Lembra? Naquele dia eu te disse que eu faria... e você deixou...você deixou!
Eu sabia que eu nunca seria metade da sua projeção...
Eu precisaria crescer... muito... para ser essa metade.
Enquanto eu construía castelos e pensava ser possível te amar...
Você fugia no seu cavalo branco...
E eu nem pude chorar, pois eu fingi ser forte pra você... tinha que manter essa mentira.
Agora... só a dor...
Você já vai tão longe...
“Volte, volte!!”
Não, não direi isso.

στειρότητα

A praça estava movimentada, uma profusão de cores, de risos de crianças, aquela tagarelice natural. Vozes infantis se confundiam. Pequeninos correndo, caindo, levantando e voltando a correr. Havia também os mais introspectivos: engenhosas esculturas de areia, brincadeiras solitárias. Mas todos com seu encanto.
Ela, cabeça inclinada, apoiava os pensamentos com o braço e o braço apoiava-se sobre a dura mesa de concreto.
Lançou um olhar longe, via todas aquelas inocentes almas, e via a si mesma, só, companheira de sua própria existência, sem beijos de bom dia, sem noites de sono atrapalhadas por monstros inexistentes. Só os seus, que, mesmo abstratos, não eram fruto de imaculada imaginação. Sim, os seus existiam.
Talvez, doesse um pouco a ausência da maternidade, talvez o ventre sentisse pelo fruto que nunca veio.
Lembrou de quando, ainda menina, acalentava com velhas cantigas ensinadas pela mãe as tão inanimadas bonecas. Era feliz e ousava sonhar.
Lembrou também que, já bem mocinha, quase mulher, pode ver os desencantos. Optou, tão cedo, por não mais pôr ideia nessas coisas... e,de pensar tão forte na ideia outra, alcançou o intento: secara.
Adulta e só, agora, já sentindo o peso dos anos, via aquelas crianças e as amava, mesmo sem as conhecer. Enxergava vida.
Quando, em movimento natural, voltou os olhos para si, à mente, compôs-se perfeita metáfora: era um vaso oco, em linda porcelana. Urna que apenas espera o dia de enclausurar a morte.

domingo, 11 de setembro de 2011

Considerações inacabadas sobre a morte...


Com o tempo você percebe que o que te amedronta não é a morte, mas a ideia de dor que ela traz, de sentir dor...
O que há de mais em um corpo já sem vida?
Exato! Não há nada... Não mais...
Há de menos!
Não tememos exatamente ser esse corpo vazio de alma. Tememos o caminho que nos levará ao ser o tal corpo.
Morrer? Não, o medo não é de morre, é de sentir dor (ao menos na minha visão das coisas).
 Sentir dor nunca é bom... Seja física ou emocionalmente...
Se tememos a dor física que uma doença, um tiro, até mesmo uma queda pode nos causar, tememos também a dor da falta, da ausência, que é algo mais emocional...
E se a dor física é o medo da nossa morte, a dor emocional é o medo da morte do outro...
Pra você ver:
Sentir falta do outro, às vezes, é dor tão egoísta e forte que acabamos pensando somente na necessidade de manter-nos usufruindo dessa presença. Esquecemos, para tanto, da dor que pode custar ao outro esse manter-se ao nosso lado.
Assim, às vezes, parece-me até haver tanto mais de dor no vazio que essa ausência pode deixar...
Tanto mais que sentir o gosto do próprio sangue na garganta.
E isso é tão complicado...
Quero bem fácil... Amo os seres humanos com muita facilidade e intensidade...
Perdê-los, os amados, é ideia que, em mim, carrega tanta dor...
A alma deixar o corpo, o seu corpo, esse movimento espiritual mesmo... nada deve (nunca morri para comprovar) ser  diante do fato de sua alma ser deixada por outra alma... amada, querida.
Morrer? Não, morrer não me amedronta...
E acho que nem essa dor (física) que me levará ao estado de morte... Mas isso é coisa que só comprovarei quando eu sentir mesmo essa dor.
O que me amedronta mesmo, assim que posso assegurar, é perder... Perder pessoas queridas.
A dor da ausência... Sim, ela me dá medo.

domingo, 4 de setembro de 2011

Na beira do mar...


Na beira do mar. Brisa no rosto.
Mar e céu... Imensidão negra.
Um alguém no pensamento.
Às vezes, escolhe-se pôr sentimento em cada coisa.
Às vezes, opta-se por caminhos tão estranhos.
De birra, às vezes, o ser humano cisma.
Vento. Coqueiro a balançar.
Saudade daquilo que nunca tive...
Saudade do que um dia sonhei ter...
O que terá acontecido?
Onde foi o erro?
Não existe resposta para o que apenas parece ter sido irreal.
Amar é mesmo uma escolha e você me confirmou isso...
Assim como me mostrou que, às vezes, perde-se o controle.
Mas, tudo passa... Um dia, você também passará...
As ondas, já tão fortes, rebentam nas pedras.
E a água já chegou aqui.
Creio que já esteja na hora de dormir.
Mas... Nada de sonhar!