sábado, 19 de março de 2011

Desilusão

Virás! Virás sem cavalo branco, sem pompa, sem ares de realeza.
E, mesmo assim, te receberei.
Virás como quem não quer nada, querendo tudo.
E eu te darei...
Entregar-me-ei ao precipício dos teus braços
Dar-te-ei corpo e alma pela vida inteira de um instante.
E tu virás...
Perder-se para, em amores, se encontrar.
E eu?
Eu que do teu beijo, sequer, provei, entregar-me-ei à alvura da tua pele
Sentirei a carícia dos teus amorosos dedos em minha face...
Deixar-me-ei levar...
E naquele instante serás meu, mesmo sem das outras deixar ser...
E quando, em meu colo, estiveres de amores desmaiado
Dir-te-ei em ares de cansaço:
Um dia te amei. 

Está Chovendo.


Está chovendo.
É noite, está escuro e está chovendo.
As nuvens choram...
O céu pintou-se de vermelho
E pôs-se a derramar grossas lágrimas.
Não, hoje não tem luar. Está chovendo!
E sequer as estrelas apareceram.
No jardim, as roseiras andam tristes,
A terra virou lama.
E a grama?
Essa, talvez, nem exista mais...
A chuva veio e alagou tudo...
E ainda está chovendo.
Dona formiga...
Como deve estar tua casa agora?
É... está chovendo.
A terra parece chorar
E não há colo que lhe dê consolo.
Não há humano que a alegrará.
Então...
Chove! Derrama todo o teu pranto
Pois é noite, está escuro e ninguém acordará para te ver chorar.