terça-feira, 2 de agosto de 2011

Anoitecer...

Eu podia ouvir o choro que havia em cada nota... em cada corda que vibrava, em cada letra das palavras que faziam a sua triste música...
Algo que falava de amor... um amor triste... um amor fraco, sem início nem fim...
E eu sentia enquanto ele tocava...
Fechava os olhos... privava o mundo do meu olhar, mortiço olhar...
Talvez ele não entendesse minhas reações...
Nem mesmo eu as entendia...
Nada eu podia fazer...  eram apenas a música, aquela música e nós...
Vez por outra, ousei abrir os olhos e observar...
Era como se ainda estivesse de olhos fechados...
Ele seguia... cada acorde suscitava uma lágrima que não se via, mas, é certo, caía...
E aquele amor, triste amor ia sendo lançado do vento... ecoava longe...
Lembro-me que deixei a cabeça pender e apoiar-se no punho cerrado...
Tudo parecia tão estranho... tão paradoxal...
Era tudo tão celeste e tão longe de Deus...
Sentia medo por não sentir medo...
Mas a música seguia... e a luz do sol, que já repousava no horizonte, ainda entrava pela janela...
Quando tudo se fez treva, o céu tornou-se um lugar possível... ao menos pra mim.

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