quinta-feira, 4 de agosto de 2011

À queima-roupa

Eu via toda a destruição que eu poderia provocar.
Eu fui o mal da tua humanidade... eu sei.
Quando você me olhou e só viu infância, eu já sabia que teus olhos não tinham alcançado o que realmente sou... esse turbilhão, essa bagunça.
Quando você disse “você é linda”, eu já sabia que você não poderia ter visto tudo.
Eu já sabia que as minhas palavras não tinham alcançado a fiel significação.
Quando, nos teus olhos, eu vi, mesmo que falso, o engano, eu já sabia que eu iria te decepcionar...
Eu já sabia que eu iria destruir isso que você construiu e que pareceu tão bonito...
Eu sabia que, mais uma vez, eu seria um tiro à queima-roupa que dilaceraria todas as projeções...
Eu sinicamente sabia e, mesmo assim, deixei os dados rolarem.
A aposta, eu via, estava sendo alta... mas eu calei.
Mesmo sabendo que eu te faria perder toda a felicidade de conhecer um ser humano bom...
Eu nunca fui... mas me deixei passar.
Era tão fácil sonhar acordada no mundo real...
Mas eu sabia... eu não era nada daquele sonho...
Como um falso objeto, eu fui... Como algo que nunca fui, deixei-me parecer...
E, no fim... Ah, não houve um fim... eu te matei mesmo antes do adeus, eu perfurei o teu peito mesmo antes de te fazer sorrir...
Eu te dei a morte, mesmo antes que eu pudesse te mostrar que em mim não havia vida até você chegar...

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