terça-feira, 7 de junho de 2011

Sim...são verdes...

A luz do quarto está apagada, mas a janela está aberta.
É noite... Quase dia
E não há Hipnos que me venha visitar...
Toca baixinho uma música, quase um choro...
Um canto arrastado, sofrido... algo sobre amor e liberdade.
Discretamente, um riso irônico corta-me a face...
Amor?... Dane-se o amor!
Penso isso com a calma que não é própria à expressão. Devo ter me acostumado com a idéia...
Tudo isso puxa você, aquele que parecia ter surgido para me salvar... daquela idéia... daquela idéia...
Lembro da força que as drogas têm, do gosto amargo do vício... do golpe da abstinência.
Você poderia ser um vício eterno, mas você não quis... você não quis...
Sequer deixou que eu tomasse a primeira dose, que eu me perdesse na névoa da primeira tragada...
Você simplesmente não deixou.
Então, eu me pergunto: Como criei essa dependência? De onde tirei isso?
Um vagalume cruza a janela...
Há quanto tempo não vejo um vagalume?
São verdes, sabia?!... Sim, são verdes...
Em horas tantas, onde estarás? Deve dormir... tranqüila e calmamente...
Como pode? Como pode?
E eu aqui.
Eu que não tenho, sequer,  o sonho para te recriar perfeito,
Que não tenho, sequer, o sonho para falsamente falsear teu falso gosto.
Ah! Como eu te odeio! Como eu queria cravar minhas unhas na tua odiosa existência e sufocá-la.
Como eu queria te fazer sentir deveras essa angústia que bobamente tu inventas...
Talvez haja sim algo de muito ruim em mim.
E distraidamente me vem: Qual cheiro terás?
Louca, ainda penso nisso...
Não!! Eu sei... Você já me disse... Eu NÃO posso.
Que quero eu ainda? Talvez um milagre...
Mas como, se tu nem acreditas em Deus?
Vejo os primeiros raios de sol.
Para onde foi o vagalume? Eles são verdes, sabia?
Ou tu também não acreditas neles?
Já viste um?
Eu vi e ara verde... Odiosamente verde...
Mas agora? Agora o dia clareia...
Para onde vão os vagalumes quando o sol desponta no céu?
Agora, sinto que preciso de outra tragada daquilo que nunca tive...
Onde estarás tu?

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