domingo, 26 de junho de 2011

Tardes de domingo...

O que ela tinha a oferecer era o bastante pra os anseios daquele homem.
Nada de mais ela queria, e tudo que podia, a ele, dava...
Havia algo de pactual naquela relação, mas não havia nenhuma obrigatoriedade,
Ambos satisfaziam-se e isso bastava.
A moça, a linda moça das tardes quentes de paixão aos domingos, em nada se importava com a existência daquela que, cordialmente, intitulara por Ela...
Eram mesmo até raros os pensamentos da moça em relação a essa existência.
Sabia claramente que cada uma pertencia a diferentes instâncias na vida daquele homem e seu lugar a satisfazia. Jamais quisera o outro posto, nem sequer a idéia lhe passara pela mente...
Mas o que levava aquele homem a querer a moça, se já possuía aquela, que era a Ela, e se a moça, em sua inquietação ante as amarras, jamais seria, a ele, coisa possuída?
Talvez nem ele mesmo compreendesse tal coisa e, até, por várias vezes pensou-se louco, questionou-se sobre a existência da tal moça... fonte de seus prazeres.
Talvez a existência dela, a ele, parecesse tão improvável, tão descabida pelo fato dele jamais ter visto vida assim... tão de perto...
E o mais estranho para ele é que, disso, precisava.
E a moça era bem assim... um turbilhão de coisas que raramente se vê em moças...
Era pura essência da liberdade e isso, às vezes, parece que o assustava...
 Mas passava o assombro já estava ele ali novamente a querê-la, a desejá-la...
E as tardes quentes de domingo seguiam sempre assim, quentes e felizes... havia vida naquilo tudo e a vida, simples vida era o suficiente... dispensava a idéia de amor...
A moça jamais construíra isso em sua cabeça, até repudiava com todas as forças tal idéia...
Foi então, quando, certo dia, pôs-se surpresa ao presenciar um olhar, um vago olhar daquele homem... havia algo a mais ali...
Tamanho foi o terror que lhe acometeu aquele breve instante do olhar que seu corpo gelou...
Como podia aquele homem tê-la olhado assim?
Havia muita ternura e muito afeto naquele olhar... Como ele pudera fazer isso?
Isso foi demais... Logo à moça? Tão livre...
De repúdio, a moça virou-lhe as costas e as tardes de domingo jamais voltaram a ser tão quentes como foram um dia.

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